Problema persistente há décadas no país, o uso acima do limite permitido de agrotóxico é um malefício praticamente invisível para sociedade. Seu consumo diário e sem controle pode gerar intoxicações do mais diversos graus, doenças e anomalias nos fetos, a exemplo da hidrocefalia, caracterizada por grande quantidade de líquido cefaloraquidiano na cabeça e anencefalia, ausência dos ossos no crânio.
Segundo dados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o pimentão foi o alimento que apresentou o maior índice de irregularidades para resíduos de agrotóxicos em 2008, as amostras constataram problemas em 64%. Seguido pelo morango e cenoura com 30%.
Em Minas Gerais, análises realizadas pelo Projeto de Alimento Seguro (PAS) do Governo de Minas, constaram que a produção de morango e tomate em 11 municípios, correspondente ao maior plantio do Estado, apresentaram índices dentro dos padrões recomendados de agrotóxicos.
Na busca de entender as dificuldades e enxergar soluções para o tema, o Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR) apresentou nessa terça-feira (25), a 12ª edição da série Diálogos com o tema: "Agrotóxicos em Alimentos". Durante quatro horas de evento, cinco especialistas da área palestraram sobre o quadro enfrentado hoje no Brasil, impactos sobre a saúde pública e do trabalhador, fiscalização e novas tecnologias usadas. Logo após as palestras ocorreu um debate, com perguntas abertas ao público, mediada pela assessora da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam),a engenheira química, Solange Vaz Coelho e com a bióloga da Anvisa, Daniela Macedo Borges, como debatedora.
O evento contou com a presença do presidente da Feam, José Cláudio Junqueira que apresentou alguns números sobre a utilização de agrotóxicos em Minas e com a Diretora Executiva do CMRR, Denise Bruschi. O debate começou com engenheiro agrônomo Geogerton Silveira, coordenador estadual de olericultura Emater-MG, que palestrou sobre extensão rural e uso de agrotóxicos, além de traçar um perfil dos olecultores no País.
A destinação correta das embalagens dos agrotóxicos foi bastante abordada pelos palestrantes, Thales Fernandes, coordenador da fiscalização de agrotóxicos do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e pelo gerente do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev), Eduardo Brito Bastos. Thales explicou que o recipiente deve ser tripicelavado logo após o produto ter acabado, caso contrário não pode ser reciclado e tem que ser incinerado e afirmou que a responsabilidade de recolher e destinar o material são das industrias que os produz. Para Eduardo falta informação e postos de coleta para os agricultores levarem seus recipientes.
A farmacêutica Eliane Novato do departamento de bioquímica da UFMG apresentou os problemas do agrotóxico para saúde humana e mencionou a dificuldade de relacionar doenças com a exposição ao agrotóxico, o que minimiza uma conscientização social. Fernando Tinoco, coordenador técnico estadual da Emater /MG fechou o ciclo de palestras apresentando uma solução paralela para diminuir a o uso de inseticida através da agroecologia, atitudes e procedimentos nos ambientes para um estilo de agricultura e pecuária sustentável.
Após as apresentações os mais de 100 presentes no evento, divididos entre empresários do ramo alimentício, funcionários de órgãos do Estado, estudantes e profissionais da área, fizeram perguntas aos palestrantes, mostrando preocupação com a nocividade do agrotóxico tanto para o meio ambiente como a para saúde da população.
No final do evento ocorreu um café com bate papo para possibilitar que os participantes tivessem maior interação com os palestrantes. O buffet apresentou duas receitas indicadas pela Cozinha Experimental do CMRR: Bolo Nutritivo de Abobrinha, com a utilização integral do alimento, inclusive casca e sementes e pão de queijo produzido com mandioca (mandiqueijo), mais saudável a saúde por conter nível mais baixo de colesterol.
O próximo tema da Série Diálogos será: Bioplástico e acontecerá no auditório do CMRR no dia 17 de setembro, conforme anunciou a diretora executiva, Denise Bruschi.
Fonte: ASCOM / Sisema
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