O 3º Seminário Internacional Rotas Tecnológicas da Reciclagem abordou, na tarde dessa terça-feira (22/09,) a responsabilidade compartilhada entre os diversos atores envolvidos na gestão dos resíduos sólidos urbanos, desde a fabricação do produto até seu descarte adequado.
O município de Santa Helena, no Paraná, apresentou como é realizada a prestação de serviços da coleta seletiva solidária na cidade, por meio do Projeto Cultivando Água Boa. As ações de coleta seletiva são desenvolvidas na Bacia do Paraná III e têm como objetivo garantir a cidadania dos catadores. “A partir do programa os catadores de Santa Helena passaram a ser conhecidos e reconhecidos por seu trabalho”, disse a representante do Projeto Cultivando Água Boa da Usina Hidrelétrica de Itaipu, Marlene Maria Osowski Curtis.
Crédito: Janice Drumond
A representante do Projeto Cultivando Água Boa, Marlene Maria, durante apresentação
De acordo com Marlene, o Programa oferece aos catadores todo apoio no recolhimento do material reciclável, por meio da viabilização de equipamentos, na realização de parcerias para sua formação, bem como na viabilização para que eles participem de fóruns, além da captação de recursos para o desenvolvimento do trabalho. “Temos atualmente 2.419 catadores atendidos, sendo 650 organizados, em 29 municípios e 25 associações, na região que engloba a Bacia do Paraná III”, ressaltou.
O Prefeito de Santa Helena, Jucerlei Sotoriva, falou sobre a importância do trabalho realizado pelos catadores, chamados em Santa Helena de agentes ambientais. “O catador precisa ser bem remunerado pelo passivo retirado do meio ambiente. A inclusão social deles passa por proporcioná-los as mesmas condições de vida digna de qualquer cidadão trabalhador”, frisou o prefeito.
Projeto Novo Ciclo
A implementação da coleta seletiva no sul de Minas, por meio da parceria entre o poder público, a iniciativa privada e a sociedade, foi apresentada pelo representante da Danone Brasil, José Borges de Carvalho. Segundo Borges, a Danone produz, anualmente, 58 mil toneladas de embalagens em quatro negócios desenvolvidos pela empresa.
De acordo com José, o projeto nasceu na cidade de Jacutinga, no sul de Minas, por meio de uma condicionante do processo de licenciamento de uma usina de água da Danone.
Atualmente, o programa Novo Ciclo tem atuação em 23 municípios do sul de Minas e envolve 27 associações de catadores de material reciclável, beneficiando cerca de 1,2 milhão de pessoas com a coleta seletiva. “O catador é um parceiro de negócio, que precisa ser apoiado, a fim de alavancar seu negócio e, no futuro, agregar valor também ao negócio das empresas”, disse José Borges.
O Presidente da Rede Sul-Sudoeste de Minas, do Movimento Nacional de Catadores de Material Reciclável, Antônio Aparecido de Almeida, apresentou as experiências negativas e positivas dos catadores nos municípios de Lavras, Campanha, Nepomuceno e Cachoeira de Minas e falou da importância do trabalho que realizam. “Evoluímos muito enquanto catadores de material reciclável no sul de Minas. Com o tempo, percebemos que o estreitamento das relações entre o poder público, a iniciativa privada e os catadores é bom para melhorar nossa parceria”, disse.
Crédito: Janice Drumond
O representante da Danone José Borges de Carvalho e o Catador Antônio Aparecido durante apresentação
Lixo Zero - Califórnia
O especialista em compostagem e reciclagem, Esteven Sherman, apresentou um estudo de caso do município no qual atua nos EUA, em Berkeley, no Estado da Califórnia. De acordo com ele, no município existem três Ongs que atuam na gestão dos resíduos.
Segundo Sherman, nos EUA não existe uma Política Nacional de Resíduos Sólidos, e sim ações regionais e locais. “Nos Estados Unidos, existem 92 leis sobre resíduos em 34 estados americanos”, explicou.
Crédito: Janice Drumond
O especialista em compostagem e reciclagem, Esteven Sherman, durante apresentação
“Na Califórnia, começamos a desenvolver a compostagem do lixo em 1990 e, em 2012, no município de Berkeley, a coleta seletiva se tornou Lei. As pessoas têm que fazer a reciclagem dos resíduos, todo habitante tem que separar papel, papelão, vidro, etc, bem como os fabricantes desses produtos são responsáveis pelo recolhimento”, disse.
Crédito: Janice Drumond
Os participantes da Meda Redonda durante debate
Os debates foram mediados pela Dra. Emília Rutkowski, da Universidade de Campinas (UNICAMP-SP).
Milene Duque
Ascom/Sisema