Maria Ângela Marcovadi, representante do Projeto Tamar, afirma que nas comunidades onde estão instaladas as estações do projeto os pescadores se transformaram em agentes de conservação das tartarugas e multiplicadores das informações em suas comunidades. "O crescimento dos ninhos das tartarugas marinhas no Brasil é fruto do trabalho do projeto dentro das comunidades", destaca.
Ela diz, ainda, que foi por meio de atividades comunitárias, no município de Almofala, no Ceará, que o projeto conseguiu convencer os pescadores a pararem de se alimentar das tartarugas. "Costumo dizer que projeto cuida mais de gente do que das tartarugas. Criamos redes nas comunidades e oferecemos alternativas econômicas sustentáveis. Hoje, temos 1,3 mil pessoas dessas comunidades trabalhando pelas tartarugas", ressalta.
Segundo ela, para obter o resultado apresentado hoje, foi preciso inserir pessoas do projeto nas comunidades. "Os biólogos vivem nos municípios onde trabalham e são reconhecidos pela população. Só assim, conseguimos mostrar que as tartarugas têm maior valor vivas do que mortas", completa.
Também para Marta Bouissou Morais, do Instituto Terra Brasilis, o trabalho junto aos moradores dos municípios de Roque de Minas e Vargem Bonita, em Minas Gerais, principais entradas para o Parque Nacional Serra da Canastra, é importante para a preservação do pato-mergulhão, espécie ameaçada de extinção.
A fim de chamar a atenção da população para importância de se preservar o meio ambiente, já que a espécie é uma das poucas que necessita de água limpa para sobreviver, foram feitas diversas campanhas e peças gráficas. "Trabalhamos a educação ambiental nas escolas, com alunos e professores; no meio rural e ainda desenvolvemos programas de rádio para alcançar a população em geral", comenta. "Queríamos mostrar que ter a espécie, que está ameaçada, na comunidade, é motivo de orgulho", salienta.
De acordo com Mônica Meyer, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o diálogo e o conhecimento da região são muito importantes nas ações de educação ambiental. "É preciso criar laços de confiança com a comunidade, mapear seus diversos aspectos e aprender com sua população. Só assim é possível desenvolver qualquer projeto de educação", conclui.
26/04/2008
Fonte: Sala de Imprensa
2º Congresso Mineiro de Biodiversidade