Oficina traça metas para combate ao tráfico de papagaios em Minas Gerais

Notícia

Qui, 27 mai 2021


 

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A oficina contou com a distribuição dos participantes em grupos para elaboração de contribuições para o plano de ação

 

Estratégias de Combate ao Tráfico de Papagaios em Minas Gerais foi o tema da oficina promovida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), entre 25 e 27 de maio. O Instituto Estadual de Florestas (IEF), por meio da diretoria de Proteção à Fauna, é apoiador do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Papagaios (PAN Papagaios) e na realização da Oficia de Combate às Principais Ameaças que as espécies de Papagaios enfrentam no ambiente natural.

 

A oficina tem sido realizada nos diferentes estados onde há ocorrência das espécies listadas no Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Papagaios (PAN Papagaios). Os estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Mato Grosso do Sul já realizaram o curso presencial. Em 2020, por conta da pandemia, as oficinas foram realizadas no formato virtual nos estados do Espírito Santo e Rio Grande do Sul. O trabalho está centrado em seis espécies: Papagaio Charão, de Peito-Roxo, Verdadeiro, Caíra, Cara-Roxa e Chauá.

 

Na abertura da oficina, o diretor-geral do IEF, Antônio Malard, disse que os planos de ação trazem resultados muito significativos e que o IEF coordena e apoia alguns deles, inclusive o voltado para a conservação dos papagaios. Malard observou que Minas Gerais tem números elevados de apreensões de aves, sendo que em 2020 foram resgatados 326 espécimes de papagaios, enquanto em 2021 já foram 554, até o momento. “As apreensões são fruto da articulação com diversas organizações como as Polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária”, explicou.

 

“Um ponto positivo é que, dos animais resgatados e enviados aos Cetas (Centros de Triagem de Animais Silvestres) e Cetras (Centros de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres), cerca de 60% são devolvidas a natureza”, frisou.

Minas Gerais conta hoje cinco Cetras, localizados em Belo Horizonte, Montes Claros, Juiz de Fora, Patos de Minas e Divinópolis. As unidades são compartilhadas com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

 

Ameaça

 

As diferentes espécies de papagaios foram escolhidas para compor um Plano de Ação por sua grande presença entre os animais vítimas do tráfico e por estarem presentes em grande parte do país. O objeto da oficina que está sendo realizada são as espécies que têm ocorrência em Minas Gerais. Além do tráfico, os papagaios e outras espécies também sofrem com a perda de habitat.

 

A atual lista nacional de espécies ameaçadas traz 1.173 espécies, inclusive aves. No caso de Minas Gerais, são 528 que vivem no Bioma Mata Atlântica, 301 no Cerrado e 136 na Caatinga, os três Biomas existentes no Estado.

O chefe da Divisão de Enfrentamento aos Crimes contra o Fisco e Ambientais da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Técio Gomes, explicou que os principais crimes ligados ao tráfico de animais são a receptação, o uso de documentos falsos, inclusive selos públicos, a corrupção ativa e passiva e a organização criminosa.

 

Segundo dados da PRF, Minas Gerais está em segundo lugar no número de apreensões, com 4.449 desde 2017. Em primeiro vem a Bahia, com 13.470 espécimes apreendidos. “Minas é fonte e local de passagem do tráfico da fauna e a maior parte é de aves”, afirmou.

 

Elenise Sipinski, da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), observou que os papagaios estão presentes em todos os biomas brasileiros. A organização desenvolve o Programa Papagaios do Brasil e criou um guia de identificação das espécies.

 

Ela lembrou que o tráfico de animais é a terceira atividade ilegal mais lucrativa do mundo, movimentando cerca de US$ 20 bilhões por ano, atrás apenas do tráfico de drogas e de armas. “Somente no Brasil, são US$ 3 bilhões”, disse.

 

A Oficina Virtual do PAN Papagaios contou com a participação de representantes da Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar, da Polícia Civil, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), do Instituto Brasileiro do Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural, da Coordenadoria Estadual de Defesa da Fauna e do Núcleo de Combate de Crimes Ambientais, além de organizações não governamentais e outras instituições.

 

Além de apresentações, a dinâmica da Oficina contou com a distribuição dos participantes em grupos para elaboração de contribuições para o plano de ação, com sugestões de estratégias para o combate ao tráfico de espécies de papagaios em Minas Gerais.

 

Emerson Gomes
Ascom/Sisema